quarta-feira, 21 de setembro de 2011

FRATERNIDADE e VIDA no planeta

dia da ÁRVORE





HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2011


1) Olha, meu povo, este planeta terra:
Das criaturas todas, a mais linda!
Eu a plasmei com todo amor materno,
Pra ser um berço de aconchego e vida. (gn 1)



Nossa mãe terra, senhor,
Geme de dor noite e dia.
Será de parto essa dor?
Ou simplesmente agonia?!
Vai depender só de nós!
Vai depender só de nós!



2. a terra é mãe, é criatura viva;
Também respira, se alimenta e sofre.
É de respeito que ela mais precisa!
Sem teu cuidado ela agoniza e morre.



3. vê, nesta terra, os teus irmãos. são tantos...
Que a fome mata e a miséria humilha.
Eu sonho ver um mundo mais humano,
Sem tanto lucro e muito mais partilha!



4. olha as florestas: pulmão verde e forte!
Sente esse ar que te entreguei tão puro...
Agora, gases disseminam morte;
O aquecimento queima o teu futuro.



5. contempla os rios que agonizam tristes.
Não te incomoda poluir assim?!
Vê: tanta espécie já não mais existe!
Por mais cuidado implora esse jardim!



6. a humanidade anseia nova terra. (2pd 3,13)
De dores geme toda a criação. (rm 8,22)
Transforma em páscoa as dores dessa espera,
Quero essa terra em plena gestação!


PRAÇA DA CONCEIÇÃO NOS ANOS 50

 com muitas árvores além dos floridos e bem cuidados jardins


Nesta semana dedicada ao meio ambiente, que tal fazermos um pacto para que nenhuma árvore seja banalmente sacrificada em nossa salgada ilha? 






Carta a um Flamboiã Assassinado. 

Em mim a ternura ampla e esse verde
cintilando nas plantas de sonoras raízes
Gilberto Avelino

Macau, 24 de julho de 1993

Caro Flamboiã,

a insuspeitada inteligência dos administradores de Macau decretou para hoje a sua morte.
A sapiência de um arquiteto achou por bem que você não deveria mais viver. Nem você nem as castanholeiras e os espinheiros, suas vizinhas na praça da Conceição.
Você e suas amigas, por certo, cometeram algum terrível crime para que esses homens inteligentes e justos resolvessem exterminá-las.
Eles são sábios e justos e você apenas uma árvore. Ignorante, inútil, desnecessária.
Onde já se viu uma simples árvore querer reclamar um direito exclusivo dos homens justos e inteligentes: o de viver?!!
É tão simples e sábio derrubar árvores!!!
Os que mandaram te arrancar não guardarão um grama sequer de remorso. Eles são sábios e justos e por isso fizeram o certo.
Mas será que ninguém lamentará sua perda, infeliz flamboiã???
Os idosos que procuraram sua generosa sombra para o conviver diário?
As crianças que sob sua copa brincavam protegidas do sol?
Os idiotas que teimam em defender a pródiga natureza?
Os insensatos que vivem a protestar a ausência do verde em nossa árida cidade?
Meu caro flamboiã, esses são idosos, crianças, idiotas e insensatos, mas os que decidiram sua morte são poderosos, sábios e justos.
O sono dos carrascos da natureza é profundo e não lhes sobressaltam pesadelos. É o sono tranquilo de quem cumpre a sagrada missão de derrubar indefesas árvores, de avermelhar com a seiva das árvores feridas o verde desnecessário.
E o que nos resta, meu caro flamboiã?
Chorar.
Chorar a impotência em impedir sua morte.
Chorar a sorte de nossa cidade tão maltratada.
Chorar o arrependimento de ter colaborado, mesmo que muito secundariamente, para que esses homens justos e sábios tivessem o poder de determinar o seu extermínio.
Ou rezar.
Não a oração dos hipócritas, a falsa prece dos frequentadores quadrienais de templos.
Rezar uma prece simples de um desses insensatos amantes da natureza que tratava a lua e o sol como irmãos.
Um demente, nascido em Assis, que amava os pássaros e as árvores e se chamava Francisco:

louvado sejas, meu Senhor,
por nossa irmã a terra maternal
cujas entranhas benfazejas
produzem o tesouro vegetal
de árvores ervas, frutos e ouro e flores
cheio de aroma e tintas de mil cores

Rezar o poema-prece do nosso maior poeta
Bendizei, gente amiga, o prodígio da terra fecunda […]
a verde ondulação rumorosa das frondes.
Pois que seu filho Gilberto talvez já não possa mais cantar

 […] o fogo
de que se queimam os flamboiãs
vermelhos. 

Benito Barros



Esta carta foi escrita pelo poeta Benito Maia Barros, quando em uma das reformas sofridas pela Praça da Conceição todas as árvores foram sacrificadas, inclusive um belíssimo flamboiã, apesar de todos os apelos pela sua preservação. Treze anos depois, um novo projeto arquitetônico para a reforma da Praça das Mães condenou à morte dezenas de árvores no bairro da Valadão.




No entanto, bom mesmo é saber que hoje, dentro da programação oficial, dezenas de árvores serão semeadas no solo sagrado de Monsenhor Honório.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ler sempre o legado de BENITO é ter um propósito positivo com o futuro de MACAU

a)Roberto Pinheiro

Regina Barros disse...

ROBERTO PINHEIRO: Roberto, fico muito feliz com sua visita. Nossa intenção é resgatar histórias do passado para tirar delas o que há de melhor na construção de melhores dias para a nossa Ilha. Os leitores que me perdoem, mas Benito será sempre lembrado neste espaço. Para mim ele é um grande exemplo de integridade, honestidade, solidariedade e amor por Macau. Mande alguma história dos bons tempos, sei que você tem muitas. Grande abraço.