sexta-feira, 28 de outubro de 2011

promessas marrons



Outubro se encerra com suas promessas marrons.
Eis que chega novembro para celebrar memórias em flores e lágrimas. A ilha, incendiada pelas paixões políticas se protege em céu-manto azul. Enquanto se deixa corroer por alvas, ácidas e corrosivas espumas.



São FRANCISCO e MACAU

Luiz Avelino, Seu Dudu, Sacristão Paroquial, diante da Igreja de São Francisco, 1985

Quem visita Macau no mês de outubro não demora a perceber um grande número de pessoas usando roupas na cor marrom. Não se trata, como alguns podem pensar, de seguir modismos ocasionais. São os devotos de São Francisco que se vestem com as cores franciscanas para expressar sua fé e pagar promessas durante o mês de aniversário do popular santo da igreja católica. Não são poucos os testemunhos de curas milagrosas por intermédio dele na cidade.
foto de JOSELITO BRAZ
Um homem, por certo, cuidou muito bem de disseminar essa devoção entre os macauenses: Luiz Avelino de Souza, popularmente conhecido como Seu Dudú, antigo sacristão da Igreja Matriz. Há 45 anos ele mantém a promessa de levar romeiros até a cidade de Canindé, no Ceará, cujo padroeiro é São Francisco. Na última quarta feira, mais uma vez ele cumpriu seu compromisso com o santo. Um ônibus lotado de devotos seguiu a viagem de fé pela estrada que se encheu outra vez de preces e cantos de louvor.

tradição

Para manter seu pacto de fé, Seu Dudú, aos 75 anos não mede esforços nem se deixa abater pelas dificuldades. A memória ainda é lúcida e ele lembra com nitidez das primeiras romarias feitas por volta de 1939. “Naquele tempo era muito difícil e a gente ia mesmo a pé”, relembra. A viagem demorava um mês inteiro. Depois surgiram os mistos do velho Gustavo Cabral e “as coisas melhoraram”. De lá para cá as histórias de milagres e graças alcançadas por intermédio do santo ampliaram significativamente o número de devotos em Macau.
foto de JOSELITO BRAZ

Quando Seu Dudu tomava conta da Matriz e zelava com carinho as imagens e seus altares, São Francisco era sempre um dos mais venerados. Mas em razão das romarias, a fama do santo milagreiro foi crescendo tanto na cidade que apenas um altar tornou-se pequeno para abrigar cartas, fotografias e esculturas trazidas pelos fiéis que obtinham graças e precisavam pagar suas promessas. Há dez anos ele ganhou uma capela e tornou-se o padroeiro do bairro do Valadão.

A cada ano o cordão dos franciscanos aumenta mais e a tradição passa de avós para netos. A festa é celebrada durante nove dias e é encerrada com uma enorme procissão no dia 04 de outubro. Na capela do bairro há uma sala dos milagres onde se acumulam objetos trazidos pelos pagadores de promessas. São centenas de fotografias, muletas, óculos, mãos, pés, seios, cabeças, feitas de gesso ou madeira guardadas num baú, que indicam milagres alcançados por incontáveis católicos.

romaria

A romaria de Seu Dudu sempre acontece nos primeiros dias de outubro. Há décadas o mesmo ritual se repete. Uma missa campal é celebrada na Rua Marechal, em frente à casa do velho romeiro que a assiste de pé ao lado da imagem de São Francisco, dos filhos e netos e de uma pequena multidão formada por romeiros e familiares. Ao final da missa o ônibus é abençoado pelo padre e segue a viagem que dura umas oito horas. Até o motorista se chama Francisco. Compenetrado, ele diz que em 28 anos de profissão essas “são as viagens mais tranqüilas”.

Luiz Avelino sempre vai sentado na primeira cadeira “para garantir a ordem e o respeito”. Músicas sacras são entoadas durante todo o trajeto, intercaladas por fervorosas orações. Nas primeiras horas da manhã os romeiros chegam ao seu destino. A pequena cidade de Canindé, no Ceará, já está cheia de devotos e peregrinos que chegam de todas as partes para assistirem a festa do padroeiro, dia 4 de outubro. A hospedagem é precária, mas ninguém reclama. O calor é intenso, mas todos suportam.
Nos últimos 45 anos, apenas uma vez Seu Dudu não pode comparecer em Canindé por motivo de doença. “No ano passado o médico me prendeu e não me deixou ir, mas São Francisco já deu um jeito e lá vou eu de novo...”, diz, rindo. Na verdade, ninguém na cidade acreditava que ele pudesse voltar à romaria em razão das complicações trazidas pela velha diabetes. “Não enxergo quase nada, os pés doem, mas se alguém me guiar eu vou longe”, afirma confiante. Diante de tanta fé, quem vai duvidar?

depoimentos

Raimunda Barbosa da Costa há 25 anos acompanha o velho Dudu na caminhada. “É uma felicidade imensa que a gente sente a cada ano. Voltamos com a fé renovada”, afirma. Há algum tempo ela se mudou para Natal e levou na bagagem a devoção que espalhou na vizinhança. “Aprendi com Seu Dudu a gostar de São Francisco e hoje, em Natal, organizamos outra romaria no mês de Janeiro”.

Não há limite de idade para ser devoto. Há romeiros entre quatro e oitenta anos, todos vestidos na cor franciscana. Jéssica Menezes, aos quatro anos não entende bem as razões mas já confessa sua devoção pelo santo Francisco, vestida com um hábito marrom que vai usar pelo resto da vida durante o mês de outubro. Ela paga uma promessa feita pela avó desde que se curou de uma intensa alergia às picadas de muriçocas. Segundo sua avó, Salete Menezes, as feridas que se formavam ‘não tinha remédio que curasse’.

Os depoimentos são vários. Francisca Palmeira, 62, conta que quase perdeu uma perna em 1965 e foi curada graças à intermediação de São Francisco. “Nasceu uma ferida de mau caráter na minha perna e o médico disse que a única solução era ir a capital amputar. A viagem estava marcada para o outro dia bem cedinho, antes de dormir me peguei com São Francisco, fiz a promessa com fé e quando acordei não tinha mais inchaço. Até o doutor disse, é milagre!”, contou. Todo anos eles estão entre os romeiros, descalços e vestindo marrom em homenagem ao popular Francisco que nasceu na Itália, era nobre e se notabilizou no mundo inteiro pela renúncia aos bens materiais e imenso amor pela natureza, pelos animais. 


NOTA: Contei essa história para o Diário de Natal em outubro de 1997. Seu Dudu, nosso querido sacristão, já partiu para a eternidade, mas a tradição dos festejos e das romarias permanece igual. Soube que uma das suas ‘discípulas’, Mundinha de Cidinho (citada na matéria) mantém vivas as tradicionais romarias à Canindé. Meus agradecimento ao Blog Joselito Braz pelas fotos atuais da procissão de São Francisco

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MARINHEIRO SÓ

um BRADO RETUMBANTE

Eu não estava preparada para a emoção que invadiu a noite de ontem no Campus da UFRN. Admiradora que sou do historiador e notável ser humano, Cláudio Guerra, cheguei bem cedo no auditório do DCE pensando que iria simplesmente dar um abraço e pegar o autógrafo do autor durante o lançamento do seu belíssimo e tocante romance MARINHEIRO SÓ. 

Armada com meu equipamento fotográfico imaginei que iria apenas homenagear o meu amigo fazendo alguns vídeos e fotos para registrar o momento, mas que nada! Acabei testemunhando e registrando um emocionante momento histórico. A heroína do livro de Cláudio, Dona Geni, vítima da ditadura militar, cuja história é lindamente contada em forma de romance por Cláudio, estava presente acompanhada por amigos e familiares. Diante de todos ela contou o drama vivenciado pela sua família quando o seu marido, o cabo da Marinha José Manoel da Silva foi assassinado pelo regime em 1973, em Pernambuco. Destemida, ela soltou aos quatro ventos o seu grito de protesto pelas atrocidades praticadas nos anos de escuridão contra milhares de brasileiros e brasileiras. Detalhes sórdidos, cruéis. Foi tocante. Perturbador.

As lágrimas de Dona Geni inundaram as almas e os corações dos que estavam na sala. O seu gemido se tornou imenso... um brado retumbante! Muitos também choraram naquele instante. E o universo sentiu aquela dor. Nos momentos finais do evento, Amparo Araújo (outra sobrevivente da ditadura), uma das fundadoras do Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco, que estava na mesa, recebe um telefonema de Brasília e transmite o que ouviu. Naquela hora, em votação simbólica, por unanimidade, o Plenário do Senado acabara de aprovar o Projeto de Lei da Câmara que cria a Comissão Nacional da Verdade. A comissão deverá examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 até a data da promulgação da Constituição de 1988, com o objetivo de "garantir o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional". A matéria vai à sanção presidencial. 

As lágrimas outra vez voltaram ao rosto de Dona Geni. Todos aplaudiam de pé, emocionados. 

Parabéns, Cláudio Guerra. Parabéns Dona Geni. Parabéns Amparo. Parabéns Roberto Monte. O povo brasileiro tem todo o direito de conhecer a verdade.


A NOITE DE GENI E CLÁUDIO GUERRA 



Geni conta a sua história e diz que Cláudio foi fiel aos fatos







José Manoel foi assassinado no episódio conhecido como o massacre da Chácara São Bento, em janeiro de 1973 em Pernambuco. A família foi perseguida e teve negado o direito aos restos mortais da vítima.

Geni lutou buscou ajuda, encontrou amigos e lutou bravamente até resgatar os restos mortais de Manoel.







Cláudio Guerra escreveu um romance para contar
a luta de Geni para recuperar os restos mortais
do marido.
a filha de geni e manoel se emociona ao relatar
o drama familiar, a discriminação na escola, o
sofrimento da mãe, a ausência do pai.
marinheiro só foi distribuido gratuitamente
Amparo participou da luta de Geni
Rizolete Fernandes compareceu...


MARINHEIRO SÓ, VAI SER APRESENTADO EM MACAU
NO DIA 03 DE NOVEMBRO
pela iniciativa do projeto É SÓ PRÁ DAR UM TOQUE, de João Eudes



sábado, 15 de outubro de 2011

homenagem

aos MESTRES com CARINHO!


Professorinhas do Grupo Escolar Duque de Caxias:
Lourdes Ferreira, Chaguinha Dantas, Anaíde Dantas, Hilda Bezerra, Terezinha Bezerra, Violeta Avelino, Gracilde Avelino, Mariazinha Avelino, Ivone Figueirêdo, Maria Rodrigues, Rosarinho Souza, Dona Alda, Ceiça  Mendonça, Vera, Rosário Pimentel...
Nosso carinho, gratidão.



Amigo querido, estimado Professor Benito Barros, que sempre esteve de plantão em defesa da educação, em defesa de Macau, sincera homenagem com um aperto enorme de saudade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MEMÓRIA COLETIVA

FATOS INESQUECÍVEIS
uma viagem no tempo
por Vilma Rejane

Vilma Rejane, quando na flor da idade abalava corações na Ilha de Sal


Tenho a impressão de que o tempo voa. O tempo voa, continua voando... Por isso, fico com medo de não ver a realização de tantos sonhos e desejos. Ao longo desses anos, houve mudanças? As pessoas estão melhores?
salinas antigas - autor desconhecido
sindicato dos salineiros
Motivada por esse blog maravilhoso, e navegando no tempo, penso que nunca poderemos esquecer imagens e fatos da nossa amada Macau. Como esquecer as salinas na entrada da cidade, o movimento do sindicato dos salineiros tendo à frente Floriano Araújo, o côco de Manuel do Côco, o canjicão de Manoel da Carroça? E a padaria de seu Horácio, onde o pão era embrulhado num papel ou levado numa sacola de pano. E de Horacinho Paiva com seu famoso jipe?
mercado público - bancas de açougue
Revejo os botes chegando e o seu Dudu abastecendo as famílias tradicionais com o seu galão d’água. O apagão às 22 horas, Martiniano vendendo querosene em sua carroça e Pipoca vendendo leite. Quem não lembra como o freguês adquiria a carne e o peixe pendurados nas bancas, para alegria das moscas, e depois eram embrulhados em papel de saco de cimento? E do tamanho da peixeira de Silvério?!


tributino
Grupo Escolar Duque de Caxias
A sopa de Agripino?! E o inesquecível Duque de Caxias?! Dona Lourdes Ferreira, com suas cocadas, cocorotes e raivas feitas por Quinha? Os caminhos de areia, o calçamento da pedra lascada? O movimento dos Escoteiros e das Bandeirantes, Luizinha de Boaventura toda poderosa! O Fandango, o Bar Rochedo, a Cruzada, o AARU, o Pastoril de Anastácia, o velho Joca e Neco das Quatro Bocas, as meninas da Rua da Frente. Hoje, só fotografias.

Rua São José - Casa do Estudante nos anos 60/70
O bar de Seu Augusto Coutinho? E Aldo Coutinho comandando os Sombras? E Zé Passarinho, o rei do mata-sete, e hoje lá nem quenga existe. E Zé da Tamarineira e a Lua? A fama dos Tetéos. As figuras de Ciça Sebo, Tributino, Bidinha, Tabaco Cheiroso, Senhorinha?

Movimento de Bandeirantes - Patrulha pilotada por Vilma Rejane

As missões e Padre Penha com o seu Clã formado por Manolo, Padinho, Zé Pinheiro, Mazinho, Edvar, Ailton Marques, Kidinho, Chagas Leão, Simão, Zé Olé, Ivanaldo, Tarzan, Vavá, Geraldo Parú, Luiz Bicudo, Geraldo Lucas, Roberto de Vanda, Zélio Trindade, Edinho Dantas, Milton Minora, Kleber Paiva, Arimatéia, Adilson Lemos e tantos outros. E Padre Zé Luiz? O ginásio, a casa do estudante, tão formosa!... Praça da Conceição – palco de retretas embaladas por Lua, Luiz de Madalena, Seu Bira, Mário de Zé Badalo, Cadete, Zé Rita, Betinho – palco de grandes paixões, encontros e desencontros! Existem alguns amores que precisam ficar onde estão: no passado.

Conjunto Musical Sempre Alerta no AARU, Neuma e Vilma pinheiro
Seu Vigílio tocando o passo da ema e Gracinha de Uda correndo atrás...Regina Barros virando aluna ‘exemplar’ da ED na boa companhia de Marluce de Geraldo Prático... As festas no Ginásio do Padre, Salete Coutinho, a eterna secretária, o Sempre Alerta que embalou muitos amores, a quadrilha marcada por João Neblina. Não dá para esquecer... e a lua-de-mel de Chagas e Benigna na Casa Paroquial. E Paulo Dedinho, o fiscal da coluna?
Lucas, Jocelim, Penha, Marc e Mary
Os Sombras - Toinho de Raulinda e Chico Antonio
A casa do motor no Ginásio tem história. Edvard, Manolo, Mazinho e Tarzan sabem muito bem. E Haroldo Martins cheirando a lancaste? E Luzinha, a secretária do Sindicato dos Marítimos, onde tudo era a bordo. Inácio dos Índios querendo ensinar Manolo a armar a flecha? E Bosco Afonso chegando do Rio de Janeiro todo transviado? E as calças boca de sino de Carlos França? E Roberto de Vanda de secos e molhados? E Eimar de Pacheco querendo ser Tony Curtis? E Zé Vicente afirmando que prefeito bom era Seu Venâncio que dava pela frente e a mulher por trás?(risos).

Turma das Almas nos bancos da Praça Monsenhor Honório, sob o comando do queridíssimo Seu João Bento
Os saudosos assustados na casa de Marco Paiva e Paulo Helton? Gente,lembra de Vavá como Mestre Sala da escola de samba de Titico? Seu João Bento, grande figura! A coluna? Conseguimos sobreviver... Só Deus sabe!
O sonho do porto-ilha e a fábrica de barrilha? E As Almas, de saudosa memória, é melhor nem falar, tem segredos do além e alma não fala. E a ronda noturna feita por seu Dudu, Dona Rosarinho e Uda?
Regina, Padinho e Vilma Rejane em festa do Lions
Gosto de ouvir as histórias de luta do povo da minha terra, sinceramente fico admirada pelo tamanho da vontade de vencer e da dignidade com que todos lutaram por dias melhores. Terminou nossa luta? Chegamos a alcançar nossos objetivos? Acredito que enquanto tivermos sopro para respirar, os sonhos não pararão! Temos que devolver a Macau o que sempre foi dela, sua beleza, seus sonhos, suas paixões, seus amores, suas fantasias, seus prazeres, sua riqueza, sua alegria, seu valor, SUA CIDADANIA. Vamos à grande festa do REENCONTRO.



(fotos e textos extraídos do blog MACAU-BRASIL, de giovana paiva)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

curiosidade

também tem Macau lá na China

Nos tempos da meninice na Benjamin Constant, vez em quando alguém falava que do outro lado do mundo havia outra cidade que se chamava Macau. Naquele tempo não havia internet, a Cartilha da Sarita nem o Livro de Admissão não falavam desse lugar distante. Essa história, contada pelo meu pai nas noites de penumbra, enchia nossa imaginação de fantasia sobre esse povo-irmão de prováveis olhos apertados e pele amarelada que vivia na outra banda da Terra.
Quando apenas a Rua da Frente era calçada e a Rua do Cruzeiro era toda revestida na base da pedra lascada, a gente acreditava que se cavasse um buraco bem fundo poderia facilmente chegar à longínqua Macau da China.
O tempo passou. Num sábado cinzento o meu bom e humilde pai partiu para a eternidade, e aí então descobrimos que Macau da China realmente existe, é imensa, próspera e o seu povo, como o nosso, também conhece os segredos do mar. Quem nasce na outra Macau se chama macaense e o curioso, vejam só, é que  tanto quanto nós, é uma gente que sente muita saudade do tempo bom que passou.

Memória Macaense
álbum de recordações

Guia
oriente-se por aqui

O passado revivido e relembrado através de fotografias antigas e/ou atuais da gente de Macau
naturais ou não
O objectivo é recordar


...e, antes de nós, eles também criaram uma festa de reencontro:

A foto aconteceu no Encontro 2010 em Macau

PROJECTO MEMÓRIA MACAENSE - 8 ANOS
05 de Junho de 2003 - 05 de Junho de 2011
Há 8 anos o Projecto Memória Macaense está na Internet para falar de Macau
e dizer que existe uma gente chamada Macaense fruto da presença portuguesa por cerca de 420 anos no Sul da China sem vocês, conterrâneos, amigos e visitantes anónimos o PMM não teria completado 8 anos muito obrigado pelo vosso apoio e visitas ao site:www.memoriamacaense.org

 MACAENSE, gente de Macau.  A história e imagens de um povo formado nos cerca de 420 anos de presença portuguesa. A sua memória e cultura, música, videos, depoimentos, o patuá, sua história,  prestação de serviços e informações diversas, antigas e atualizadas. 

então, notaram alguma semelhança?...


...não há, pois, como negar. até na china MACAU, teu nome é SAUDADE!


 


terça-feira, 4 de outubro de 2011

lembranças


     Macau, é assim ...

essa porção de terra recôndita sempre em um roçar lúbrico com a brisa salgada. Esse lugar com sua geografia singular talvez seja o que explique a atração fatal que sinto por ela. Esse isolamento natural sempre me fascinou. Saudades das leituras solitárias de fim de tarde na antiga ponte de madeira da ilha de Santana, nos bancos da solitária praça Monsenhor Honório. Saudades da minha interlocutora-mor que dividia comigo os segredos inconfessáveis da adolescência, sempre com seu olhar cúmplice a fitar-me do altar-mor da matriz, a Virgem da Conceição. Saudades da catequese de Dona  

Rosarinho nas tardes de sábado... Mas, quis o destino que há 17 anos eu deixasse a ilha. Quis também o destino que as perdas familiares fizessem com que os poucos parentes que lá residiam também a deixassem. Mas é impossível esquecer Macau. Uma das emoções mais fortes que senti foi chegar a essa cidade e perceber que meu antigo lar já não mais existia, que não havia mais parentes meus ali. Confesso que chorei. Ainda estou a me acostumar com a ideia. Entendo perfeitamente o sentimento revelado pelo meu saudoso professor Benito quando entrevistado por Marize Castro, ao afirmar que não conseguia afastar-se muito tempo de Macau devido à tristeza que invadia a sua alma.   Penso que há algo de inexplicável na combinação daquela brisa, daquele cheiro, daquele mar... Só quem já sentiu pode sentir, mas não explicar o que significam. Entendo os seus sentimentos por Macau, Regina.

* colaboração do professor Ailton Dantas de Lima